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Jogos Olimpicos 2008 Pequim Pedro Póvoa

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Jogos Olimpicos 2008 Pequim Pedro Póvoa Empty Jogos Olimpicos 2008 Pequim Pedro Póvoa

Mensagem  brunorvs Sex Fev 08, 2008 6:04 am

DEPOIS DE CONSEGUIR O FEITO INÉDITO DA QUALIFICAÇÃO PARA PEQUIM, ATLETA PORTUENSE GARANTE
TENCIONO CHEGAR ÀS MEDALHAS

Natural da Ribeira, no Porto, Pedro Póvoa cresceu no seio de uma família de parcos recursos e pratica taekwondo desde criança “porque era mais barato do que o karaté”, confessa. Hoje, com 27 anos, o atleta garante que a modalidade o ajudou a adquirir a disciplina que lhe faltava em miúdo. Para este atleta, da Associação de Taekwondo de Braga, que acaba de conseguir um feito inédito ao garantir o apuramento para os Jogos Olímpicos, nada se consegue sem muita dedicação e sacrífico, mas não deixa de agradecer a todos aqueles que o ajudaram a alcançar este objectivo. Agora, sonha com uma medalha em Pequim e a avaliar pelos resultados que tem vindo a alcançar, este é objectivo realista. Em entrevista ao «ND», Pedro Póvoa recorda como conquistou o torneio da Turquia “com um braço partido” e deixa claro que, apesar da qualificação para os Jogos, não se sente mais pressionado: “Vou divertir-me e desfrutar ao máximo», afiança.

Jogos Olimpicos 2008 Pequim Pedro Póvoa Artigos-bin_imagem_1_jpg_0116832001201878665-351 Que balanço faz da sua participação no Torneio de Qualificação Europeia de taekwondo, realizado em Istambul, no passado dia 26 de Janeiro, onde conseguiu a medalha de ouro e garantiu a qualificação para Pequim 2008?
Não podia ter corrido melhor porque fui com um braço partido e, mesmo assim, saí vencedor.
Tinha expectativas de vitória à partida para Istambul?
As esperanças foram crescendo aos poucos. Comecei a acreditar mais em mim e fui-me envolvendo progressivamente à medida que a prova se desenrolava. Uma semana antes tinha partido o braço, mais propriamente o quinto metacarpo, numa concentração em Espanha e cheguei a ponderar não ir, mas com a ajuda de muita gente, decidi participar e graças a Deus tudo correu bem.
Em prova estavam 21 dos melhores atletas da Europa, todos em busca da qualificação olímpica. Qual dos combates foi mais difícil para si?
Fiquei isento do primeiro combate e só iniciei a participação na segunda ronda. Venci o meu primeiro combate, frente ao russo Seyfula Magomedov, actual campeão da Europa de -54 kg, por um ponto, mas foi especialmente complicado porque, devido à minha lesão, estava com medo de meter o braço. No entanto, fui crescendo aos poucos e acabei por conseguir a vitória. Já tinha perdido três vezes com o mesmo atleta, mas, felizmente, à quarta foi de vez.
Esse combate acabou por ser mais difícil do que aquele que lhe valeu a vitória no torneio, frente ao inglês Tyrone Robinson?
Sim, mas devido às circunstâncias em que decorreu, a lesão e o facto do primeiro combate ser sempre o mais difícil, porque ainda estamos a entrar na competição.
O que sentiu ao terminar a prova em primeiro lugar?
Eu sou um atleta muito frio. No taekwondo não podemos ser muito quentes ou corremos o risco de cometer erros. Vivi o momento com tranquilidade.
No seu segundo combate defrontou e venceu um holandês que também foi bronze no Campeonato do Mundo em -62 kg e no combate seguinte, que garantia o apuramento olímpico, bateu o actual campeão do Mundo na categoria de -58 kg. A vitória por 2-1 valeu-lhe o passaporte para Pequim. Foi um momento especial...
Sim, mas foi vivido com mais festa pelo meu treinador. Como ainda tinha de disputar a final, refreei o meu entusiasmo.
Agora que conseguiu este objectivo, como encara as suas possibilidades nos Jogos Olímpicos?
Em Pequim vão estar os 15 ou 16 melhores do Mundo e o nível vai ser muito elevado. Mas, mesmo assim, tenciono chegar às medalhas. Esse é um objectivo que tracei para mim mesmo.
Como encara o facto de ser o primeiro português a participar numa prova olímpica de taekwondo?
Sinto que conseguimos um feito histórico para o taekwondo português e para Portugal. Sou o 45.º atleta a integrar a comitiva e, tendo em conta as escassas condições de que dispomos na modalidade, só posso sentir-me muito orgulhoso por ter conseguido este apuramento. É indiscutível que vou ficar na história, mas tenho de agradecer a muita gente por este resultado. Não teria sido possível se não tivesse tido o apoio de muitas pessoas que me auxiliaram, quase todas de forma gratuita. Se é verdade que sou eu quem combate, também não deixa de ser verdade que há muito trabalho de bastidores feito por outros profissionais. Este é um desporto muito difícil que requer muito sacrifício e dedicação e nesta vida, nada se consegue sozinho.
Nesse aspecto a confiança da Federação foi essencial...
Cheguei a Portugal há seis meses – Pedro Póvoa esteve a treinar em Espanha e posteriormente na Guatemala durante alguns anos antes de regressar a Portugal – e, desde que voltei, sempre senti um apoio a 110 por cento desta federação. É claro que esse apoio foi o possível, de acordo com os escassos recursos com os quais as federações têm de viver.
Como se caracteriza a si próprio enquanto atleta?
Sou perseverante, frio, racional, dedicado e gosto muito do que faço. Também sou uma pessoa objectiva, mas optimista.
Já tinha sido integrado no nível 3 do projecto olímpico depois de ter conseguido um quinto lugar no torneio de qualificação mundial. Agora, subiu ao nível dois. Este apoio vem permitir-lhe «respirar melhor» e assegurar uma preparação mais completa tendo em vista os Jogos Olímpicos?
Claro que sim. Embora estas coisas demorem sempre algum tempo e ainda não tenha recebido qualquer verba, sei que irei receber um importante apoio financeiro com retroactivos a Outubro. Tenho 27 anos e nunca na minha vida recebi dinheiro do taekwondo, à excepção de uma pequena verba, cerca de 360 euros, que me foi atribuída durante um ano, quando fiz parte do projecto Atenas. Nessa altura, como não consegui o apuramento para os Jogos, fiquei sem esse subsídio. Agora, vou finalmente ter a possibilidade de beneficiar de um maior apoio financeiro. Mas não é por dinheiro que me dedico à modalidade... se assim fosse já teria desistido dela há muito tempo. Não quero que isto seja entendido como uma crítica mas, só para lhe dar uma ideia, posso dizer-lhe que um atleta do meu nível em Espanha recebe, no mínimo, quatro mil euros por mês e ainda beneficia do apoio de um centro de alto rendimento que lhe permite não gastar dinheiro nenhum. Tem psicólogos, nutricionistas, médicos, fisioterapeutas, preparadores físicos... tudo à sua disposição.
No seu caso, para se preparar para esta prova, tinha de ir todos os dias para Braga treinar... de comboio?
Sim, deslocava-me diariamente para Braga de comboio. Às vezes dormia em casa do meu treinador porque era muito cansativo. Treinava duas horas de manhã e duas horas à noite. Ao mesmo tempo, tinha de ter cuidados com a dieta para manter o peso, porque estou na categoria de -58 kg.
Tendo em conta que não existem apoios em Portugal semelhantes aqueles de que falou anteriormente, como conseguiu a ajuda necessária para se preparar convenientemente?
Precisámos de ir à procura desses apoios e praticamente todos são gratuitos. Tenho a ajuda do nutricionista Bruno Reis, que me ajuda na dieta, do preparador físico Cláudio Ferreira, dos meus instrutores a nível táctico e técnico, o Hugo Serrão e o mestre Joaquim Peixoto. Depois, também tenho um psicólogo, que é professor na Universidade do Minho, o Jorge Silvério. Sem a ajuda dessas pessoas seria impossível conseguir estes resultados.
Agora que os Jogos olímpicos estão garantidos, a sua preparação vai ser mais intensa?
Talvez sim e é possível que exista maior pressão sobre mim. Mas eu faço taekwondo por gosto e não será agora que me vou sentir mais pressionado. Vou-me divertir imenso com isto tudo, desfrutar ao máximo das condições que me poderem dar, mas conheço o país em que estou e a realidade das coisas. Este é um país onde só o futebol interessa e não se quer saber de mais nada. Mas não quero com isto criticar ninguém e devo dizer que o Comité Olímpico de Portugal está a fazer um trabalho fantástico. A Comissão de atletas olímpicos começou imediatamente a enviar-me cartas em Janeiro, disponibilizando-se a apoiar-me no que lhe for possível e isso deixa-me muito satisfeito.
Há em Portugal outros atletas de qualidade que possam vir a dar seguimento a resultados deste nível?
Claro que sim. A nossa federação tem oito meses e já conseguiu feitos inéditos. Tivemos um terceiro lugar nos Europeus de juniores, um quinto nos Europeus de cadetes, um quinto no pré-olimpico mundial, um primeiro lugar no pré-olímpico europeu e ganhámos vários opens, para além de termos alcançado medalhas noutros tantos. Tudo isso resulta de uma dedicação tremenda e do trabalho de pessoas que gastam dinheiro do seu próprio bolso com muito sacrifícios. Não é fácil ter de viajar para outros países, estar longe das famílias e, ainda por cima, ter de fazer investimentos financeiros pessoais em prol da modalidade. Os resultados num desporto olímpico como este não caiem do céu, é necessária seriedade e dedicação.
A lesão que contraiu vai obrigá-lo a parar durante quanto tempo?
Para já vou descansar umas três semanas, mas continuarei a trabalhar, embora de outra forma, visto que não posso treinar combates. Terei de falar com a equipa técnica e médica para estabelecer um plano de recuperação.

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À CONQUISTA DE ROMA

Até aos Jogos Olímpicos haverá outros desafios importantes a enfrentar. A começar pelo Campeonato da Europa absoluto que vai decorrer em Roma. Que objectivos definiu para essa prova?
Espero ficar entre os medalhados, mas nem sempre as coisas correm como esperamos. Mesmo na nossa melhor forma e apesar de partirmos com confiança é sempre complicado. Tudo depende de sorteios e podemos ter de defrontar um adversário muito forte logo no primeiro combate. Imagine que tenho de me bater logo com o campeão do Mundo e ele está num dia espectacular? Coisas mínimas podem definir um resultado. Depois, no Campeonato do Mundo não há repescagens ao contrário do que acontece nos Jogos Olímpicos.

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CARREIRA

Como se iniciou na modalidade?
Sempre gostei de artes marciais. Adorava os filmes do Bruce Lee e dos Heróis de Shaolin (risos). Sou da Ribeira, do Porto, e aqui era uma pessoa muito problemática (risos). A minha família era e é uma família de poucos recursos e eu queria praticar karaté, Mas, como o taekwondo era mais barato, acabei por ter de optar por esta modalidade. Foi muito bom para mim a nível mental, porque tornei-me numa pessoa mais pacífica e tranquila.
Deixou de estudar?
Sim, fiquei com algumas disciplinas do 12.º ano por fazer e vou tentar regressar agora através do programa «Novas Oportunidades». Quero entrar para a Universidade.
E que curso gostaria de seguir?
Gosto de psicologia, desporto, de informática e também tenho jeito para línguas. Por isso, ainda não sei. É algo que decidirei quando esse momento chegar. Além de que também vai depender da proximidade da Universidade aos meus locais de treino para não interferir com a minha preparação.
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